MONTEZ MAGNO – COMPLEXO COSMOTECNOLÓGICO
CUR. GERMANO DUSHÁ
29.MAR— 02.ABR
SP–ARTE / B2 GALERIA MARCO ZERO
A Galeria Marco Zero apresenta na SP–Arte 2023 projeto solo dedicado ao artista pernambucano MONTEZ MAGNO, com curadoria de Germano Dushá. O projeto, intitulado “Complexo Cosmotecnológico”, reúne mais de 30 trabalhos, num arco que vai da década de 1960 até meados dos anos 2000, dando testemunho da complexidade de uma obra prolífica, profunda e que se desdobrou de modo espiralar ao longo do tempo. Com expografia e mobiliário expositivo específicos, o estande é composto por pinturas de diferentes séries intermitentes — com obras dos três ciclos de Barracas do Nordeste (1972, 1977- 78, 1984-85) , das séries Tantra (1963-2006) e Série Negra (1961-2007) —, que revelam a capacidade pictórica magnética de Montez Magno, e peças tridimensionais que sublinham o pensamento cosmogônico do artista — espécies de maquetes criadas por meio da síntese no uso de diferentes materiais ordinários, como a série Cidades Imaginárias (1972). O recorte curatorial concentra-se na conexão entre espiritualidade e vontade construtiva na obra de Montez Magno, revelando seu profundo estudo da energia que cria e desenvolve o Universo, e das múltiplas maquinações da natureza. Do cosmo às cidades, do Sol fervente às pequenas esferas metálicas, das formas geométricas bem organizadas à velocidade orgânica das cores, essas obras revelam a força de um programa artístico obstinado, irrefreável e sempre em expansão, que abriu-se para um espectro criativo tão amplo e diverso quanto energeticamente coeso. O resultado é uma produção artística plena de vitalidade, que atravessou o século XX impulsionada por referências diversas — que vão das tradições esotéricas e grandes escolas artísticas às manifestações populares —, e que trabalhou num só plano as questões do espírito e as invenções técnicas.
MONTEZ MAGNO
1934, Timbaúba, Pernambuco.
Artista plural, MONTEZ MAGNO coloca sua criatividade a serviço de múltiplas formas de expressão artística. Poeta, pintor, escultor, performer, com incursões nos campos de música experimental, videoarte, tradução e crítica de arte, o espírito independente de Montez sempre o manteve alheio a manifestos, correntes ou participações em coletivos de artistas, preferindo processar, a seu modo, os eflúvios contemporâneos da arte global. Foi com essa autonomia que, a partir de meados da década de 1950, o jovem pintor pernambucano contrapôs-se à tradição figurativista local e adotou a perspectiva geométrica em suas composições. Esse viés construtivo abriu caminho para participações nas primeiras Bienais Internacionais de São Paulo, rendeu uma bolsa de estudos no Instituto de Cultura Hispânica de Madri e aproximou-o, no Rio de Janeiro, de um grupo de artistas que se tornariam expoentes do movimento neoconcreto brasileiro. Sobre a prática desses artistas, o crítico de arte Mário Pedrosa (seu conterrâneo de Timbaúba) afirmou que “colocavam, acima de tudo, a liberdade de criação”. Liberdade é a palavra-chave para descrever a inventividade de Montez que, a partir de um ponto distante do eixo hegemônico do Sudeste, renunciou à zona de conforto da estética figurativa dominante representada pelo Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife e rompeu as fronteiras da temática regional para embarcar na linguagem construtiva, sem dobrar-se, porém, ao rigorismo da geometria formal.